quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Congresso do Espírito Santo em Coimbra
O Secretário Regional da Educação e Cultura afirmou, em Coimbra, que “o Império do Espírito Santo é o verdadeiro Estado Social”, frisando que nele “cabem todos, crentes e não crentes”.
Avelino Meneses, que falava quarta-feira na apresentação do Congresso Internacional do Espírito Santo, cerimónia que teve como orador principal D. João Lavrador, recentemente nomeado bispo coadjutor da Diocese de Angra, adiantou que a secular devoção ao Divino “concilia o sagrado e o profano, tudo timbre de uma religião que é mais do povo do que propriamente de qualquer Igreja”.
“Os Açores são a única região do país, ou quiçá do mundo, onde existe o denominado tempo do Espírito Santo, que se alonga da Páscoa até ao Pentecostes e à Trindade”, recordando que, na ilha de Santa Maria, havia “a tradição de, no sábado de Aleluia, após o anúncio da ressurreição de Cristo, os foliões saírem à rua, dando oficialmente início à época do Espírito Santo”.
“No nosso calendário religioso, se a Páscoa é por excelência a festa dos cristãos, apesar do recente relevo do Natal movido pelos propósitos materialistas da sociedade de consumo, o Espírito Santo é a festividade mais celebrada pelo povo de todas as ilhas”, frisou, acrescentando que o culto do Espírito Santo, introduzido em Portugal no tempo de D. Dinis por influência de uma “corrente radical” de franciscanos espiritualistas, adeptos confessos da ideologia milenarista de Joaquim de Fiori, é historicamente “um traço distintivo” da cultura popular portuguesa.
Nos Açores, a introdução do culto do Espírito Santo remonta ao tempo do povoamento, verificando-se, ainda no decurso do século XV, a constituição de irmandades proprietárias de hospitais, promotoras de bodos e coroações, numa ação dos Franciscanos, que contou com a proteção da Ordem de Cristo, responsável pela administração eclesiástica do arquipélago até 1514, salientou Avelino Meneses, para quem “na introdução e, sobretudo, no alargamento do culto do Espírito Santos nos Açores influi decerto o afastamento de Portugal continental, que dificulta a superintendência da hierarquia eclesiástica, que insiste na redução da participação popular na organização dos festejos, sob o pretexto da depuração de manifestações profanas, inclusivamente pagãs”.
Neste contexto, a adoração açoriana ao Espírito Santo “adquire o caráter de uma religião do povo”, o que facilita também a sua “difusão e a perpetuidade”, num processo em que “a hostilidade do meio e a angústia do isolamento, que criaram um sentimento de grande insegurança”, promove “uma prática de grande cooperação” indispensável à garantia de sobrevivência de quem vive “entre uma terra madrasta e o mar tenebroso”.
“Desta experiência brota uma profunda religiosidade, que eleva a devoção ao Divino à condição de culto da solidariedade adequado às convicções e às carências históricas da população dos Açores”, afirmou, salientando que atualmente o Espírito Santo é a “principal” manifestação festiva dos Açores, tendo “a dupla particularidade de ser diferentemente celebrado e de estar uniformemente disseminado em cada ilha, até mesmo em cada lugar”.
“O culto ao Espírito Santo é o melhor espelho dos Açores, já que é ele que concilia a diversidade que somos com a unidade que podemos e queremos ser”, frisou Avelino Meneses, acrescentando, no entanto, que “na atualidade, apesar da pujança das manifestações açorianas do culto ao Divino, a sucessão das transformações socioeconómicas e a evolução das mentalidades abalam o ímpeto da festividades, cuja perseverança demanda a adaptação aos sinais do tempo”.
“Entre os fatores de enfraquecimento da devoção registamos o progresso da alfabetização, que implica a regressão de todas as tradições, a contração do setor primário, que reduz o apego à terra, de onde brotam os ingredientes da festa, o pão, o vinho e a carne, e o predomínio do individualismo, que motiva a transferência da sociedade para o Estado do dever de assistência”, afirmou o Secretário Regional, salientando que “este é também um tempo de grandes venturas”, já que, “após séculos de entendimento em redor da necessidade de repressão das manifestações cultuais mais heterodoxas, a Igreja e o Estado reconhecem agora o préstimo da devoção”.
“Na esfera religiosa, o atual Bispo de Angra, no seu primeiro discurso episcopal de 1996, coloca a Diocese sob o amparo do Império do Espírito Santo. Mais do que isso, faz a identificação do culto do Espírito Santo como um forte baluarte contra o secularismo, por vezes, mais eficaz do que alguma propostas oficiais da ação pastoral”, recordou, acrescentando que, na esfera política, “a comemoração da Região Autónoma no dia maior do Espírito Santo, isto é, na Segunda-Feira de Pentecostes, radica num esforço de identificação da autonomia com os Açores”.
Para Avelino Meneses, “o culto do Espírito Santo possui a dimensão da história e da geografia dos Açores, porque a Autonomia é um fenómeno de menor dimensão já que tem raízes no advento da contemporaneidade, na época das revoluções ocidentais e atlânticas que, na transição dos séculos XVIII e XIX, propiciam a difusão das ideias liberais e democráticas”, salientando que a Autonomia “foi uma conquista das elites e das ilhas mais influentes, por isso ainda cabe à nossa geração a oportunidade e, também, a obrigação de transformá-la em projeto de todas as ilhas, de todos os Açorianos, sem qualquer exceção”.
O Congresso Internacional do Espírito Santo vai decorrer em Coimbra, Lisboa e Alenquer, no segundo semestre de 2016, numa iniciativa da Câmara Municipal de Alenquer, em parceria com um consórcio de universidades portuguesas, designadamente do Centro História D’Aquém e D’Além-Mar da Universidade dos Açores, e da Diocese dos Açores.
GaCS
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Graciosa no Roteiro do Espírito Santo
O Diretor Regional das Comunidades apresentou em Fall River, nos Estados Unidos da América, o Roteiro das Festas do Divino Espírito Santo Açores / Comunidades, um instrumento de divulgação dos Açores, da sua diversidade sociocultural e de valorização do Povo Açoriano.
“Através deste sítio podemos percorrer as dezenas de Festas do Espírito Santo que acontecem em todas as ilhas açorianas, bem como as da Diáspora que embarcaram na bagagem dos nossos emigrantes”, frisou Paulo Teves, que falava na Casa dos Açores da Nova Inglaterra, onde apresentou o novo sítio da Internet que congrega mais de duas centenas de festas dos Açores, Portugal continental, Canadá, EUA, Brasil, Bermudas e Venezuela.
O Roteiro das Festas do Divino Espírito Santo Açores / Comunidades, disponível no endereço eletrónico www.roteirodesazores.com, é uma iniciativa do Governo dos Açores, desenvolvida através das direções regionais das Comunidades, da Cultura e do Turismo, que disponibiliza inúmeras manifestações em louvor ao Espírito Santo, com a respetiva informação histórica, complementada com fotos ilustrativas da sua realização e evolução ao longo dos anos, bem como os contactos e as datas de celebração.
Para além das Festas, que são pesquisáveis através de um motor de buscas por país, província, estado, cidade ou freguesia, o Roteiro inclui uma parte dedicada à história desta manifestação nos Açores, incluindo os conceitos dos seus diversos símbolos, bem como o áudio do hino do Espírito Santo e respetivas partituras para filarmónicas e coros.
Esta nova plataforma disponibiliza também um conjunto de artigos científicos sobre este tema, da autoria de investigadores de Portugal, Brasil, Canadá e EUA, e possui ligações a diversas áreas dos Açores como a cultura, turismo ou oportunidades de investimento.
Na sua intervenção, o Diretor Regional das Comunidades salientou que este trabalho não está concluído, pois ainda existem inúmeras festas que devem ser introduzidas, possuindo a plataforma um espaço dedicado à sua inserção, incluindo a colocação de fotos e vídeos, pois este é “um projeto que queremos isento de limites de tempo e de espaço”.
“Acreditamos que esta ferramenta contribuirá para a perpetuação do nosso legado junto das gerações vindouras, bem como valorizará as nossas gentes da Diáspora junto de todos aqueles que, não sendo dos Açores, partilham o mesmo espaço geográfico”, frisou Paulo Teves.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
A volta aos bodos
Tem sido habitual o grupo de foliões de Santa Cruz da
Graciosa “correr os bodos” no domingo do Divino Espírito Santo.
Fazemo-lo por gosto desde finais da década de 90, do século
XX, com a intenção de levar a todos os sons que o Espírito Santo tem de mais
tradicional na nossa ilha.
Neste ano de 2015 estivemos na Vitória (Santo António),
Ribeirinha, Guadalupe, Fonte do Mato e Luz.
Aproveitamos para a agradecer a simpatia que nos dispensaram
em todos os impérios.
Com o desejo de vos encontrar a todos de boa saúde,
esperamos voltar em 2016, cantando:
Divino Espírito Santo
Pai de toda a Humanidade
espalhai as vossas graças
pela nossa Irmandade
Nesta publicação queremos ainda recordar o Juventino “Ramos”,
fundador do grupo em 1998 e grande entusiasta desta “volta aos bodos”.
Aqui fica um excerto dessa tarde, no Bodo da Luz:
Época 2015
Terminou mais uma temporada para os Foliões de Santa Cruz da Graciosa.
Apesar da falta de tempo para atualizar o nosso blogue, não queremos deixar passar o momento sem agradecer os convites que recebemos de alguns particulares e do Império do Rebentão.
Este ano não foram muitas as coroações em Santa Cruz da Graciosa, ao contrário de outras localidades da ilha que, embora com menos população e menos impérios, vão mantendo a tradição a cada domingo.
*fotos: José Ávila
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